PRIMEIRA MULHER A CHEFIAR A POLÍCIA CIVIL MINEIRA QUER MUDAR A CORPORAÇÃO

Há pouco mais de 45 dias chefiando a Polícia Civil do Estado, a delegada-geral Andrea Cláudia Vacchiano promete mudanças na corporação. Entre elas, modernização do serviço, capacitação e valorização dos policiais. Primeira mulher a chefiar o órgão em Minas, a funcionária de carreira está na instituição há 26 anos e passou pelos departamentos de Trânsito e de Mulheres, além do Conselho Superior da Polícia Civil. Em entrevista ao Hoje em Dia, ela destaca os planos para estruturar uma nova Polícia Civil.

O que representa uma mulher estar à frente da Polícia Civil de Minas Gerais?

Vejo como um desafio e um reconhecimento, por parte do governo do Estado, do trabalho que venho desenvolvendo há 25 anos na instituição.

Quais as primeiras ações desta gestão?

Com o apoio do governo, montamos o Conselho Superior de Justiça. Através dele, levantaremos os principais problemas da Polícia Civil e, a partir disso, construíremos nossas diretrizes.

Qual será o papel do conselho?

A comissão irá apontar quais são os resultados que precisamos alcançar perante a sociedade que depende da polícia, seja para um registro de veículo seja para uma identificação ou habilitação. Precisamos ter resultado positivo.

Quais os desafios encontrados nestes 45 dias de gestão?

A valorização dos policiais. Precisamos trabalhar internamente a valorização, a capacitação e a qualificação deles. É fundamental para bons resultados.

E como isso será feito?

A qualificação não é apenas entrar na academia e não voltar mais. O trabalho precisa ser constante. Um treinamento de tiro, um centro de treinamento de ações operacionais e especiais. Isso é o que estamos fazendo e vamos intensificar em benefício próprio e da sociedade mineira. Com policiais qualificados, teremos serviço de melhor qualidade e excelência. Buscamos a excelência.

Qual a sua primeira tarefa para melhorar a qualidade desse serviço?

É estruturar internamente a Polícia Civil. Para isso, estamos trabalhando a comunicação interna. Um dos primeiros objetivos é realizar reuniões gerenciais em cada departamento. Logo nos primeiro dias deste ano, visitamos as unidades de Poços de Caldas e Pouso Alegre (Sul de Minas). Apresentamos nossas ações e os resultados que desejamos. A ideia é a de que os servidores estejam envolvidos para alcançar resultados, o que demanda ouvir esses policiais, além de estudar e conhecer o fenômeno criminal regionalizado.

É possível detectar as necessidades de cada regional e departamento?

Sim. Cada região tem as suas particularidades. Existem locais onde é preciso melhorar a área de inteligência, outros que necessitam de investimentos em equipamentos como viaturas, a capacitação dos policiais. No Sul de Minas, por exemplo, há um trabalho de investigação contra a atuação da facção criminosa do PCC (Primeiro Comanda da Capital). No Norte de Minas é a questão do roubo de cargas. Já na Zona da Mata, o tráfico de drogas, e no Triângulo Mineiro é o problema de explosão de caixas eletrônicos, além do problema geral do Estado, que são os crimes contra o patrimônio. Nossa preocupação é conhecer o fenômeno natural e regionalizado, e nada melhor do que ouvir os policiais que lá estão para nos trazer essa situação. A partir daí, começaremos a construir um planejamento para o que precisamos investir.

Como será feito esse acompanhamento?

A proposta é a de que as visitas sejam feitas sempre na ordem: cidades do interior, Região Metropolitana e capital. As primeiras foram no Sul de Minas. A próxima agenda será na Grande BH e, depois, para algum departamento da capital.

O que esse trabalho irá ajudar nas ações?

Irá facilitar as atividades da Superintendência de Planejamento, Gestão e Finanças, que faz as compras para a corporação. Tenho uma assessoria de planejamento, que planeja o que preciso para aquela área. Já a superintendência de informações de inteligência policial tem que ser reestruturada.

Qual a opinião da Polícia Civil sobre a Polícia Militar registrar o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO)?

O que posso dizer é que temos uma portaria que permite que os militares de três localidades realizem o TCO, por uma determinação do Judiciário. Nos demais municípios, essa responsabilidade é da Civil. Estamos aguardando o desfecho dessa situação. O governo do Estado já conhece o nosso posicionamento.

A questão de pessoal também é uma preocupação?

Sim. Agora temos a nomeação dos investigadores. Estamos finalizando o concurso, colocando esses novos policiais na academia de polícia. Os médicos-legistas e peritos já se formaram e agora precisam ser nomeados. Essa tratativa está sendo feita com o governador do Estado. Provavelmente, ele irá dar uma boa notícia para esses novos policiais nos próximos dias.

As nomeações irão atender a necessidade da corporação no que se refere ao número de servidores?

Temos em estudo em andamento para identificar a quantidade de policiais que temos, qual é a previsão para os próximos anos, a quantidade de policiais em cada carreira e quanto perderemos nos próximos três anos. Atualmente, o efetivo é de 11.100, entre delegados, peritos, médicos-legistas, investigadores, escrivãos e o pessoal da área administrativa. Não sabemos o déficit, porque ainda estamos levantando o número de pedidos de aposentadoria nos setores. A partir daí, faremos um planejamento para levantar o que iremos precisar nos próximos três anos.

01/02/2016 08:04 – Atualizado em 01/02/2016 08:04

Gabriela Sales

Foto (crédito): Ana Flavia Jacques

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