AUDIÊNCIA PÚBLICA DA COMISSÃO DE SEGURANÇA DA ALMG: PRESIDENTE DO SIPROCFC-MG FAZ PRONUNCIAMENTO

O presidente do Siprocfc-MG, Alessandro Dias, fez um pronunciamento de pouco mais de seis minutos, durante audiência da Comissão de Segurança Pública, que ocorreu na última terça-feira (24/09/19), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). (clique abaixo para assistir ao vídeo!)

Em sua fala, Alessandro lembrou que o trânsito é um assunto amplo, existem várias vertentes de discussão e que, após 22 anos de sua publicação, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), praticamente não saiu do papel. Alessandro também fez um pedido ao deputado Sargento Rodrigues, para propor uma audiência pública para discutir, em Minas Gerais, o PL 3267, também conhecido como “Projeto da Cadeirinha”.

O presidente do Sindicato também lembrou que Minas Gerais tem apenas 68 municípios em que o trânsito é municipalizado e que não está havendo ações efetivas de educação no trânsito. Alessandro aproveitou a oportunidade e entregou ao deputado Sargento Rodrigues um documento com números sobre o setor, o mesmo que foi entregue aos deputados federais e senadores, na Câmara dos Deputados, em Brasília, no mês passado, durante o Café Com Parlamentares.

Assista abaixo ao vídeo do pronunciamento do presidente do Siprocfc-MG, Alessandro Dias!

Confira abaixo a matéria da ALMG sobre a audiência pública

Acidentes de trânsito impactam saúde pública e oneram Estado
Só com internações foram gastos R$ 1,5 bilhão em menos de dez anos. Vítimas são, em sua maioria, homens e jovens.

Minas Gerais gastou mais de R$ 1,5 bilhão só com internações de vítimas de acidentes de trânsito, entre 2010 e 2019. O perfil dessas vítimas aponta, em sua maioria, para homens jovens, na faixa entre 15 e 19 anos, condutores de motos, seguidos por pedestres.

Nesse mesmo período, o registro de óbitos em acidentes de trânsito repete dados semelhantes. As informações, da Secretaria Estadual de Saúde, foram citadas, nesta terça-feira (24/9/19), durante audiência pública da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

MG tem cinco mortes por dia no trânsito
“Os óbitos decorrentes de acidentes de trânsito superam em 12 vezes as mortes resultantes de epidemia de dengue”, informou a representante da SES, Janaína Passos de Paula.

Outros dados impressionantes foram apresentados pelo médico Marcelo Lopes Ribeiro, diretor Assistencial da Rede Fhemig, a Fundação Hospitalar de Minas Gerais. Segundo ele, um paciente vítima de acidente de transporte internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital João XXIII, na Capital, pode gerar um custo de até R$ 3 mil por dia.

Como muitas dessas vítimas permanecem internadas por meses, às vezes até anos, o gasto pode ser incalculável, frisou. Ele citou o caso de paciente internado por mais de dois anos, que já passou por mais de 20 cirurgias, a um custo de mais de R$ 1,2 milhão. É grande a lista de dados que mostram como pode ser oneroso para o Estado, do ponto de vista da saúde, um acidente de trânsito, como revelam alguns exemplos apontados por ele:

Diária no Pronto Socorro – R$ 1.200,00
Hora cirúrgica – R$ 1.500,00 a R$ 2.000,00
Diária na internação – R$ 800,00 a R$ 1.100,00
Diária de UTI – R$ 2,500 a R$ 3.000,00
“Muitas vítimas do trânsito carregam sequelas para o resto da vida, estão condenadas à prisão perpétua”, lamenta o médico. “Em alguns casos, são pessoas que foram atropeladas, enquanto quem atropelou paga uma multa pequena e segue a vida”, diz.

Motos, veículos de aplicativos e patinetes estão entre os vilões

Militante incansável pela educação para o trânsito, Marcelo Lopes Ribeiro critica as novidades que vão sendo incorporadas ao já caótico trânsito das grandes cidades sem nenhuma regulamentação, como as motos de entrega rápida, os veículos de aplicativos e as patinetes.

Segundo ele, em 2017 houve uma redução de 5% nos atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito na Capital. Contudo, entre 2018 e 2019, esse índice voltou a crescer muito, graças ao incremento dos veículos ligados aos aplicativos. “Ao contrário dos taxistas, esses condutores não se submetem a nenhuma regulamentação; não existe para eles nenhuma exigência”, critica.

A falta de legislação disciplinar atinge também os usuários de patinetes. Segundo o médico, os acidentes resultantes do uso dessa modalidade também vêm crescendo. Recentemente, um homem morreu na Capital após cair de uma patinete e bater com a cabeça.

Para ele, não será surpresa que novas mortes semelhantes voltem a ocorrer. Assim, defende a suspensão das patinetes até que venha a ser regulamentado o uso desses veículos. “A legislação tem que ser um pouco mais agressiva”, defendeu.

Marcelo Ribeiro critica também a forma como dirigem os condutores de motos, sobretudo aqueles ligados a aplicativos, pressionados que são pelo grande volume de entregas a fazer em pouco tempo. Segundo ele, a incidência maior de acidentes com motos se dá justamente entre 18 e 20 horas, quando aumenta o número de pedidos de entrega de alimentos em domicílio.

Reunião celebra 30 anos de educação para o trânsito

Hospitais gastaram R$1,5 bilhão no tratamento de pessoas que se acidentaram no trânsito, na última década
A audiência da Comissão de Segurança Pública da Assembleia destinou-se a debater o trabalho de educação para o trânsito do Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER-MG), que está completando 30 anos.

Na ocasião, a comissão homenageou a coordenadora de Educação para o Trânsito do DEER-MG, Rosely Fantoni, tendo em vista o impacto das ações de prevenção na política de segurança pública do Estado. A audiência foi realizada a requerimento do deputado João Leite (PSDB) e conduzida pelo presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PTB).

O autor do requerimento que deu origem à audiência ressaltou que “vivemos uma verdadeira greve no trânsito que incide diretamente na saúde pública” e propôs a criação de uma política estadual de educação e segurança no trânsito em Minas Gerais. Presidente da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras, o parlamentar defendeu mais investimentos nos transportes sobre trilho, como forma de melhorar o fluxo de trânsito e reduzir os acidentes.

“Belo Horizonte já teve 76 km de linhas de bonde e nós arrancamos tudo. Hoje, há um desequilíbrio total nos modais de trânsito e o custo dessa insanidade que estamos vivendo é alto”, afirmou. Ele defendeu a criação de uma mesa permanente de interação com órgãos e setores relacionados ao trânsito, inclusive a educação.

O presidente da comissão, deputado Sargento Rodrigues (PTB), também destacou os impactos sociais do trânsito. “Os acidentes com motocicleta vêm aumentando substancialmente, com impactos na saúde e na vida das pessoas. Até morte com patinetes já tivemos. A questão de trânsito é também uma questão de segurança e saúde, já que os acidentes têm um custo altíssimo para o poder público”, afirmou.

Homenagem – Os dois deputados renderam homenagem a Rosely Fantoni pelo seu trabalho de décadas em prol de um trânsito humanizado.

Ela também defendeu a formação de um grupo destinado a buscar saídas para melhorar o trânsito no Estado e reduzir os acidentes. “Me sinto muito honrada com a homenagem, mas vou me sentir mais feliz com a criação de um grupo interdisciplinar, com a atuação de todos os órgãos e representação da sociedade. Tenho um sonho: reduzir o número de mortos e de pessoas sequeladas no trânsito. Preciso ter certeza de que esses 30 anos valeram a pena”, concluiu.

24/09/2019 16h16 – Atualizado em 24/09/2019 16h55

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