Reportagem de O Tempo Online mostra que, depois de três anos em queda, número de jovens que tiram carteira de motorista volta a crescer e, já no primeiro trimestre deste ano, quase quadruplica em relação ao mesmo período de 2020. Veja abaixo!
Jovens hoje com idade entre 18 e 29 anos cresceram e se tornaram adultos praticamente junto com a ampliação do serviço de transporte de passageiros por aplicativos no Brasil, que chegou ao país em 2014. A facilidade de locomoção a custos mais baixos, aliada ao trânsito caótico e à dificuldade de se estacionar em algumas cidades, criou uma geração de pessoas que simplesmente não tinha interesse em dirigir. Uma realidade que começa a mudar em função da necessidade de cuidados sanitários imposta pela pandemia de Covid-19 e do consequente receio de usar transportes coletivos nos deslocamentos.
Segundo dados do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), a média mensal de pessoas entre 18 e 29 anos que tiraram Carteira Nacional de Habilitação no Estado neste ano quase quadruplicou comparada com a de 2020: de 107.680 para 425.950. Uma mudança de comportamento em uma geração que vinha desde 2017 apresentando redução no número de novos motoristas. Em 2020, por exemplo, a emissão da CNH caiu 4,54% entre os mais jovens, e subiu 3,92% para quem tem mais de 30 anos.
Para o especialista em trânsito e transporte da Fumec Márcio Aguiar, parte desses novos motoristas também decidiram correr atrás da documentação para trabalhar. “Muitos estão vendo nos aplicativos de entregas e transporte uma opção de emprego agora”, afirma Aguiar.
Outra explicação é a busca por segurança sanitária. “A pandemia veio para mostrar a necessidade de ter um veículo individual. Mesmo os jovens que continuam optando por não ter o carro próprio, recorrem a alternativas, como programas de assinaturas de veículos. Várias empresas e até mesmo as montadoras têm ofertado esse serviço a preços acessíveis”, explica o especialista do setor automotivo, presidente da Megadealer e CEO da AutoAvaliar, José Caporal.
Estudante de jornalismo em Belo Horizonte, Patrick Bryan Ferreira Nascimento, 24, tem se virado com transporte público e aplicativo. Entre os principais planos do jovem para o futuro estão ter independência e sair da casa dos pais. Apesar de ainda não ter carteira de motorista e a compra de um veículo não caber no orçamento atual dele, Patrick já tem um plano armado: “Eu brinco que quando eu tirar carteira vou alugar carro para viajar”, conta.
Como a pandemia é que está fazendo com que os jovens passem a colocar o carro próprio na lista de necessidades, um movimento bem recente, alguns estão resistentes. A jornalista e escritora Bruna Rezende Santos, 24, faz parte dessa estatística. “Recebo muita pressão da minha família para que eu tire carteira logo por causa da minha idade, mas eu não tenho intenção de gastar dinheiro em autoescola agora. Meu foco é juntar recursos para fazer intercâmbio na Irlanda”, conta.
Assinatura pode gerar economia de até 20%
Ainda pouco conhecida no mercado brasileiro, a modalidade de assinatura de veículos ganhou mais força durante a pandemia. Trata-se de uma opção para quem não quer ou não pode comprar um carro, mas que precisa do transporte.
“Vem crescendo muito a demanda pelo serviço, e cada vez mais empresas ofertam”, conta o especialista José Caporal. O serviço, que chegou há cerca de dois anos no Brasil, funciona assim: com contratos de longo prazo, o cliente leva para casa um carro novo sem ter que arcar com custos com revisão, manutenção, seguros e taxas.
A Localiza, que oferta o serviço, garante que essa opção pode gerar uma economia de até 20% em relação à aquisição do carro próprio.
Por Izabela Ferreira Alves,
Queila Ariadne, Rafael Rocha e
Tatiana Lagôa