Diante da notícia de que cerca de 30 candidatos à habilitação são investigados por pagar propina para facilitação em prova de legislação em Belo Horizonte, o Sindicfc-MG se manifesta em repúdio à atitude, tanto dos candidatos quanto dos servidores da UAI, do instrutor e das duas autoescolas investigados pelo envolvimento na fraude.
O Sindicfc-MG repudia, principalmente, o possível envolvimento de empresas do setor. É fortemente recomendado que todos sigam a legislação que rege o setor, sem exceção, para que as empresas do segmento sigam o caminho da ética, transparência e qualidade dos serviços prestados, valores inegociáveis e defendidos por este Sindicato. Qualquer postura indevida e fraudulenta por parte dos CFCs é veementemente repudiada.
Apoiamos totalmente as investigações e esperamos que os efetivos culpados sejam realmente punidos, com o rigor da lei. Tanto os alunos quanto a sociedade, como um todo, precisam se mobilizar para que esse tipo de prática não seja comum. Até porque o custo para esse tipo de procedimento é infinitamente maior que o processo e habilitação de modo regular. O prejuízo para a sociedade é enorme, pois essas pessoas não passaram por uma formação efetiva.
Entenda o caso
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) deflagrou, em Belo Horizonte, a operação Fraude a Laser, na semana passada, com o cumprimento de sete mandados de busca e apreensão em investigação relacionada com crimes de corrupção ativa e passiva envolvendo esquema de facilitação de exames de legislação de trânsito.
Segundo a Agência Minas e veículos de toda a imprensa, de acordo com as apurações coordenadas pela equipe da 1ª Delegacia de Polícia Civil Venda Nova, são investigados cinco funcionários terceirizados de uma Unidade de Atendimento Integrado (UAI), um instrutor de autoescola e duas autoescolas daquela região.
Até o momento, já foram identificados quase 30 candidatos à habilitação que teriam se beneficiado indevidamente ao serem aprovados em exames no ano de 2023.
Buscas
As buscas foram realizadas em uma autoescola, em endereço ligado a um instrutor de outra autoescola investigada, além das residências dos cinco funcionários terceirizados da UAI Venda Nova.
Foram recolhidos celulares, documentos que comprovam a materialidade do crime, além de objetos utilizados na prática da facilitação/fraude dos exames de legislação, como apontadores laser.
Corrupção
Delegado responsável pela investigação, Gabriel Ciriaco Fonseca detalha que valores entre R$ 2 mil e R$ 3 mil, por candidato, eram pagos nas autoescolas.
Após a captação da propina, um instrutor de autoescola repassava a informação aos funcionários terceirizados da UAI Venda Nova, que eram responsáveis pela aplicação do exame de legislação.
“A prova é realizada inteiramente por meio de computador. Assim, para fraudar o exame, os funcionários colocavam um apontador a laser – habitualmente usados para auxiliar apresentações – debaixo do braço, se posicionavam atrás do candidato que pagou pela facilitação e, de forma bem sutil, indicavam com o laser, na tela do computador, qual era o gabarito correto”, revela Fonseca.
Colaboração
A partir de denúncia anônima, a gestão da UAI identificou o comportamento dos funcionários, por meio de vídeos que foram compartilhados com a Polícia Civil e com a Coordenadoria Estadual de Gestão de Trânsito (CET-MG). O acesso do atendente foi bloqueado e a gestão da unidade registrou o Boletim de Ocorrência.
“Alguns dos demais funcionários já foram ouvidos e informaram qual era a rotina normal de aplicação de provas, deixando claro que os aplicadores não poderiam ficar parados atrás de nenhum candidato, não podiam recorrer ao celular ou olhar relógio, exatamente o contrário do que os investigados faziam”, reforça o delegado.